Infelizmente e tristemente, como diz a sabedoria popular “o que é bom dura pouco”. Sem querer generalizar, não se precisou de muito tempo para constatamos que muitos governos e políticos se aproveitaram da desgraça alheia para roubar e superfaturar por meio dos hospitais de campanha e compras de equipamentos (qual foi o destino eles?); para ganhar prestígio usando descaradamente a vacina como instrumento de competição, travando uma verdadeira guerra de egos e poder, ignorando que por traz de tudo havia vidas e pessoas fragilizadas e esperançosas.

Por Jairo Martins e Silvia Trein Julio

Entre os Fundamentos Universais da Excelência, “as lições aprendidas” é um dos mais importantes, pois nos faz refletir e depois agir para melhorarmos constantemente, em tudo como pessoas e como instituições.

“Uma das mais claras lições que a pandemia nos deixou foi a compreensão de que ‘O universo é soberano’”

Uma das mais claras lições que a pandemia nos deixou foi a compreensão de que “O universo é soberano e sempre encontra uma forma de restaurar as coisas para equilibrá-las de acordo com as suas próprias leis, quando estas são alteradas de forma irresponsável, indiscriminada, inconsequente, mercantilista, vaidosa, egoísta e individualista”. Após os duros impactos que a COVID-19 nos trouxe, com a perda de entes queridos e cerceamento da liberdade de ir e vir, por já quase um ano, nos alimentamos da esperança de que todos nós, governantes, empresários e cidadãos, sairíamos de tudo isso como pessoas melhores.

Foi gratificante perceber a mobilização de todos nos primeiros meses da pandemia, em que tenha pesado a falta de coordenação das ações para termos medidas mais eficazes e eficientes e resultados mais concretos. O fato é que, cada um à sua maneira, todos se engajaram. Os Governos, por meio dos seus ministérios, secretarias e instituições, tanto para solucionar problemas logísticos, estruturais e econômicos, assim como para estabelecer protocolos e orientações preventivas e corretivas, embora na maioria das vezes de forma descoordenada.

As Empresas de forma rápida, flexibilizaram os seus processos de trabalho e relacionamento preservando funcionários, clientes e fornecedores. E intensificaram o uso de tecnologias analógicas e digitais, para facilitar as operações remotas, além de adotarem medidas para a manutenção de empregos e contratos, dentro do possível.

“Ficou evidente que o pensamento e atitude solidária e o espírito colaborativo foram, pouco a pouco, permeando todas as camadas sociais”

A Sociedade compreendeu a urgência e a criticidade da situação e mesmo com as suas limitações, procurou com disciplina e diligência, seguir as recomendações dos profissionais da saúde e da comunidade, apesar dos maus exemplos que vez por outra, por pura vaidade e fome de poder causavam pânico, inseguranças e inquietações. Ficou evidente que o pensamento e atitude solidária e o espírito colaborativo foram, pouco a pouco, permeando todas as camadas sociais, em resposta as vulnerabilidades e às desigualdades escancaradas, que se tratavam de obviedades nunca combatidas com seriedade.

Tudo nos levava a crer que o mundo, definitivamente, se conscientizava de que a relação que estava tendo com o planeta explorando-o de forma inconsequente, ignorando a ciência causava externalidades irreversíveis, comprometendo o futuro projetado: aquecimento global, poluição atmosférica, escassez de água e alimentos, desemprego, fome, miséria, doenças, competição desmedida, lucro a qualquer custo, corrupção, desigualdades sociais, entre outros.

Narrativas de líderes governamentais, empresariais e comunitários nos faziam acreditar que a humanidade estava atingindo um novo patamar civilizatório e que estava disposta a reconstruir o mundo que foi sendo destruído paulatina e inconsequentemente. Estava claro que era preciso que todos se engajassem para “reinventar o futuro” pois o que estávamos projetando não mais existiria. Era preciso levar a sério o aprendizado de tudo o que estava acontecendo. Sem ideologias e orientações políticas, e partir para a execução reparatória e construtiva.

“Empresas, por meros propósitos marqueteiros, que adotaram a solidariedade, a diversidade e a sustentabilidade nas suas narrativas enquanto estavam na mídia, voltaram ao velho anormal”

Infelizmente e tristemente, como diz a sabedoria popular “o que é bom dura pouco”. Sem querer generalizar, não se precisou de muito tempo para constatamos que muitos governos e políticos se aproveitaram da desgraça alheia para roubar e superfaturar por meio dos hospitais de campanha e compras de equipamentos (qual foi o destino eles?); para ganhar prestígio usando descaradamente a vacina como instrumento de competição, travando uma verdadeira guerra de egos e poder, ignorando que por traz de tudo havia vidas e pessoas fragilizadas e esperançosas.

Empresas, por meros propósitos marqueteiros, que adotaram a solidariedade a diversidade e a sustentabilidade nas suas narrativas enquanto estavam na mídia, voltaram ao “velho anormal”. Esquecendo-se de que estes conceitos e comportamentos vieram para ficar e precisam estar integrados aos valores e à cultura organizacional, se o compromisso de recuperar o planeta fosse realmente incorporado ao dia a dia.

A sociedade, que antes demonstrava sabedoria e disciplina, servindo-se dos maus exemplos de políticos líderes incompetentes, desonestos, irresponsáveis e midiáticos, aboliu os protocolos para o uso obrigatório de máscaras, manutenção de distanciamento e higienização das mãos, além de partir para o ilícito e para os estelionatos.

“O resultado deste descaso generalizado – a segunda onda do COVID-19 no mundo – está vindo de forma repentina e assustadora, e começa a dar o sinal de alerta vermelho”

O resultado desse descaso generalizado – a segunda onda do COVID-19 no mundo – está vindo de forma repentina e assustadora, e começa a dar o sinal de alerta vermelho quando as curvas de contaminação e mortes diárias informam recordes de números crescentes diários. Países como Estados Unidos e as grandes potencias da Europa, como Itália, França, Alemanha, Áustria, Portugal, Espanha e Reino Unido, encontram-se em patamares similares ou até piores do que estiveram na primeira onda.

No Brasil, especialistas já afirmam que a segunda onda já chegou e se alastra praticamente para todos os estados. Diariamente acompanhamos a evolução dos números com novos casos de contaminação e mortes. Ao mesmo tempo, verificamos o descaso das pessoas com os procedimentos e cuidados que foram desesperadamente eu radicalmente tão levados a sério e incorporados no início da pandemia.

Chegamos a infeliz conclusão de que por mais árduo que tenha sido este período de isolamento, “lockdown”, sequelas no corpo e na alma das pessoas que sobreviveram à primeira onda (que sequer vimos acabar) não conseguimos absorver quase nada da lição tão dolorida que tivemos.

Achamos que as estatísticas indicavam o fim de uma pandemia trágica e não nos atentamos que o vírus é mais forte e resiliente que nós mesmos. Não nos atentamos que o “velho normal” não faz mais parte de nossas vidas e que precisamos encarar de frente esta nova realidade.

“Até quando vamos continuar com estas atitudes do ‘faz de conta’ e vamos nos contentar em levar para o nosso túmulo o epitáfio: aqui jaz a geração que destruiu o planeta, criou desigualdades e ganhou poder e dinheiro com o sacrifício dos mais fracos”

Enfim, tudo leva a entender que não estamos tendo o discernimento, a humildade e o espírito coletivo de aprender com as lições que a natureza nos mostrou mesmo por meio do sofrimento e das privações. Para reforçarmos o que fizemos de certo e abolirmos o que fizemos de errado, se não aproveitarmos estes ensinamentos tudo terá sido em vão, inclusive os quase 1,4 milhão de mortos mundialmente, em respeito aos quais, pelo menos, devemos fazer alguma coisa

Até quando vamos continuar com estas atitudes do “faz de conta” e da “boca para fora? Vamos nos contentar em levar para o nosso túmulo o epitáfio “Aqui jaz a geração que destruiu o planeta, criou desigualdades e ganhou poder e dinheiro como sacrifício dos mais fracos”. Será esse o legado de toda uma geração? Ainda há tempo para refletir e agir. É uma questão de querer e fazer.

Estamos chegando ao final do ano de 2020. De acordo com as nossas crenças e rituais do Natal e de Passagem de Ano, nos enchemos de esperanças de que “dias melhores virão” certos de que de 31 de dezembro para 1º de janeiro, em um passe de mágica, tudo mudará e que o Corona Vírus desaparecerá.

“Reinvente o futuro! Essa é a nossa tarefa a partir de agora. Não espere, pois não vão fazer por você.”

Que bom seria se assim fosse. Se queremos um futuro melhor do que este que já está perdido temos que arregaçar as mangas e começar a reconstrui-lo agora. Só assim evoluiremos para um novo patamar civilizatório que a humanidade precisa, quer e tem urgência.

Reinvente o futuro! Essa é a nossa tarefa a partir de agora. Não espere, pois não vão fazer por você. “Só que sim..” é o que teremos orgulho de dizer!

T&S Academy – Consultores Associados
Jairo Martins da Silva & Silvia Andrea Trein Julio

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