O centro de engenharia de Matosinhos, que projeta produtos e sistemas de última geração por ar, terra e mar, firmou uma “joint-venture” com a brasileira Desaer para o desenvolvimento, industrialização e comercialização de uma aeronave de transporte leve.

Por Rui Neves

O CEiiA, que tem mais de três centenas de engenheiros, no seu centro de excelência situado em Matosinhos, a projetar, implementar e operar produtos e sistemas de última geração para as indústrias de mobilidade, automóvel, mar e aeroespacial, aliou-se a um grupo brasileiro para desenvolver, industrializar e comercializar uma aeronave de transporte leve, de uso civil e militar.

A “joint venture” foi firmada com a Desaer – Desenvolvimento Aeronáutico, empresa brasileira especializada no desenvolvimento de aeronaves de diversas tipologias. A aeronave luso-brasileira chama-se ATL–100.

Com configurações para o transporte de passageiros (até 19 pessoas) e para carga (2,5 toneladas), tem como objetivo “endereçar as necessidades de transporte regional em áreas já adensadas e nas regiões mais remotas, necessitando de pouco apoio de infraestrutura no solo e possibilidade de aterrar em pistas curtas e não pavimentadas”, explica o CEiiA, em comunicado.

O centro de engenharia de Matosinhos, que ainda há dias revelou ao Negócios que o seu ventilador Atena vai começar em breve a ser exportado para o Brasil, começa assim a participar no desenvolvimento do projeto ATL-100, fase que deverá demorar cerca de três anos, sublinha o CEiiA.

Seguir-se-á as fases de industrialização e comercialização, sendo que “em todas as fases, o projeto vai ser executado por profissionais portugueses e brasileiros em infraestruturas localizadas em Portugal e no Brasil”, garante a mesma fonte.

O desenvolvimento do ATL-100, destaca o CEiiA, “terá como alicerce o foco na sustentabilidade, não só pela aplicação de tecnologias menos poluentes em seus componentes, mas, também, pela perspectiva de utilização, no futuro, de novas tecnologias como motores eléctricos”, entre outras inovações “verdes”.

De resto, o CEiiA e a Desaer consideram que esta parceria, que agrega competências complementares do setor aeroespacial de Portugal e do Brasil, “além de ser um importante projeto de inovação tecnológica e de criação de renda e emprego em ambos os países, surge com especial relevância agora como um contra-ataque aos efeitos danosos sobre a economia mundial causados pela crise da covid-19”.

De entre as dezenas de projetos que o CEiiA tem em curso, refira-se, por exemplo, a sua participação no Programa KC-390, o maior avião até ao momento desenvolvido pela também brasileira Embraer, e ter ganho um contrato para a conceção e o desenvolvimento de algumas das principais aeroestruturas do primeiro modelo de avião a construir pela chinesa Guanyi.